terça-feira, 3 de maio de 2011

Eu muda, ainda floresço.
Quando me mudo, o silêncio me carrega.
Com ombros largos, percebo que cortou o cabelo, mas foi só no sonho.
A pior de todas é a língua silenciosa, das palavras que não são ditas. Das intenções interrompidas.
Quem ama em silêncio, ainda é amoreiro. Mas quem sofre quieto, é o que?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nascido na cidade de colônia na Prússia Renana, em 1823, Henrique Fleuiss, foi um dos grandes percussores da imprensa ilustrada no Brasil. Fleiuss cursou Belas Artes em sua cidade e na de Dusseldorf, e Ciências
Naturais em Munique. Veio para o Brasil em 1858, junto de seu irmão, Karl Fleiuss, e inicialmente passaram um tempo na região Norte do país, e depois vieram a se instalar no Rio de Janeiro. Depois de estabelecidos, e junto ao litógrafo Carlos Linde, criaram o Instituto artístico.
Com o apoio de Dom Pedro II, a Semana Ilutrada foi criada, tendo o formato típico das revistas da época (com 8 páginas ao todo, 4 com textos, e 4 com desenhos), com ilustrações e textos que caricaturavam, satirizavam e criticavam esferas públicas.
A caricatura tinha papel de para o leitor, ser mera ilustração, ou ser forma fiel de retratar o contexto em que se apresentava. Porém é válido lembrar, que por ter o apoio do imperador vigente, Fleiuss pode ser considerado tendencioso, no caso, favorável ao império, o que não fazia com que deixasse de ser notória para a época. O cabeçalho da revista era dferenciado em relação as outras, ele era detalhado e trabalhado, e era publicada aos domingos.



"Moleque"
"Dr Semana"

domingo, 1 de maio de 2011

Henrique Fleiuss foi um artista gráfico alemão, mestre da litogravura. Fale de seu trabalho e da revista criada por ele, A Semana Illustrada, que se tornou um padrão para as revistas brasileiras do século XIX. Comente sobre a atuação da revista na cobertura da Guerra do Paraguai.

http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao34/materia03/

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/Enc_Artistas/artistas_imp.cfm?cd_verbete=4566&imp=N&cd_idioma=28556


http://www.patriciojr.com.br/opiniao-quadrinhos-140-anos-de-historias-no-brasil-por-milena-azevedo/


http://anpuhsp.org.br/downloads/CD%20XVII/ST%20V/Karen%20Fernanda%20Rodrigues%20de%20Souza.pdf

domingo, 24 de abril de 2011

Lembranças de uma mente quente

Pena ou ponta, me diz quem és. Desenha a boca. Se és tú, ou não é, já não importa mais.
Deixa que teu sexo nos una, teu sêmem, correndo com o suor que lhe fecha os olhos.
Gira o quarto, tira a ponta da caneta da pauta, sobe, desce, sagrado gemido. Toca o blues enquanto se desfaz, enquanto dá um sorriso, ri, gargalha.Me deixa pensar que o teu cabelo é o meu. Abre as minhas pernas. Sem censura nos poros arrepiados, pêlos recebendo carícias da saliva, que se arrasta como um trator num campo aberto. Que passa amassando as flores docemente, colhendo o pólen que ainda vai ser semeiado pelas abelhas. Vai do grito da guitarra, cortando os ouvidos, até o gemido do saxofone, entorpecedor. Tiros são disparados, com pólvora dourada se espalhando em volta. Me morre, ou então, me inconscientiza de mim mesma, e renasce das cinzas. Sabe-se que escrevendo não há alucinação que passe.
(Agora?) Fumo meu cigarro, e sei que não tem ninguém nascendo ou morrendo na minha poeira.
Acende essa fumaça, me deixa ser assim, avoada.
Me chamou de pirata... Quem me dera ter desbravado algum mar, qualquer que fosse. Mostro apenas a tatuagem dos tempos, cicatriz de guerra. A minha âncora de ferro e gelada, voltou dos mares cheia de vida lhe nascendo: musgos, algas, pequenas alfaces do marítimas, todo o mar veio a calhar na velha enferrujada. O que deixou para trás ela não me conta, anuncia, por ser só, e apenas ela, que tempos de ventos fortes virão.
"- Dê um aviso aos marinheiros: dancem conforme a maré balançar!"
O chocolate que derrete a boca é melado, escuro, assim como teus olhos.
Suave melodia, notas familiares, amadeiradas, agudas, cítricas, graves, tudo simultaneamente, simultalismo cravado.
(Roda gigante, gire mais rápido, para que no vácuo eu pense que possa existir eu mesma.)
Aceita o meu convite e me come. Te deixo a boca doce, com açúcar estilhaçado nos lábios.
É sem querer, você se torna pra mim o mais belo desafio. Ainda te percorro, como se jogasse uma partida de xadrez.
Só vou ler-me, quando me lembrar.
"Não! Eu quero você, quero muito."
O narciso se esqueceu, a mente pipocou, nos deitamos em câmera lenta.
Ando lendo demais os surrealistas, deixam-me até com a letra mais arredondada.
Devagar, divagando, uma reminescência por vez, a mente é fraca para certas coisas. Um neurônio por vez, acende, vai!
"Eles chegaram! Todos vieram, ademais da orgia niilista, vem a calmaria, como o mar de ressaca e óculos escuros. Não me atenda! Desligue o telefone antes de eu ouvir a tua voz..."

P, de pai.

Pousa no meu ombro, te construo um abrigo. Um iglu dentro do meu peito.
Mas minhas mãos suadas te esquentarão, e você não se importará. Será cordialidade, comunicação silenciosa.
Não te vejo, mas quero estar aqui. Não chores, te aconselho, mas na prática volto quando tuas lágrimas tocarem o teu peito.
As formigas não se importam, mas eu sim, quando chegam às nossas mãos, braços.
Juntam-se a essa compatibilidade empoeirada de Pandora.
Dá-se ao vento, torna-se vivo de novo.
A flor que virou borboleta amedontra os desavisados.
Traz boas novas para os platônicos: a liberdade chegou!
Segue o exemplo, torna teu aquilo que tocares, uma parte tua outra de todo resto.
Desalinha a passagem que eu quero chegar.
Preto e branco se desfez. Se mostrou no desconhecido.
Voou com asas bem abertas, planou por nossas cabeças baixas, choramingantes.
Ocorreu venenosa, silenciosa, intravenosa. Numa batida, como numa música, se fez a luz, numa madrugada imprevisível e vazia. Tudo vai, o escrito fica, dopado. A culpa não- negada se auto- mutila docemente.
"Foi por minha causa!"
Por mais quanto tempo o exposto vai ser oculto? A sanidade passou, sempre passa.
Visão dali: rodas, motores, passos, raios.
O rasgo na nuvem é que traduz o que eu sinto, pois, a multidão ignora o um, dá apenas compaixão aos olhares tristes.
O que eu digo é, pode vir me visitar com a sirene ligada, porque a estrada nunca mais vai ser a mesma.

Para alguém que já se foi

Passa por mim, fica na tua ausência.
Condolências do imaginário, do bestiário às minhas mãos...
O grau não está perfeito, você sabe disso, meu querido.
Na minha tosse você sai como sangue, e escrevo pra passar o que vai continuar. Trago o amargo, amortecedor.
Na excessão, via de regra não importa, foi antes dos cinquenta. Meus batimentos não foram os mesmos que os seus, e ainda assim, me veio no meio da noite.
Segura essa esquizofrenia, menina!
Sou compulsiva por tristeza, hoje a febre não veio, mas também não passou...

O que eu gosto do teu corpo...

O que eu gosto do teu corpo é o sexo.
O que eu gosto do teu sexo é a boca.
O que eu gosto da tua boca é a língua.
O que eu gosto da tu língua é a palavra.

Júlio Cortázar
The end (The doors) + antidepressivos = Anulação do efeito da medicação

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Little Ramona

Enquanto voltava para casa hoje escutava ao rádio, pra ser mais exata: Kiss FM, uma raridade no meio de tanta baboseira pop. E foi quando começou a tocar "Little Ramona", do Ramones, que tive saudade de um filme muito bom que assisti a pouco tempo, e resolvi escrever um pouquinho sobre ele. Aí vai!
Scott Pilgrim, originalmente uma série de quadrinhos lançada em 2004, e que foi criada por Bryan Lee O'Malley, agora é filme. Sua versão cinematográfica foi lançada em 2010, e é chama de "Scott Pilgrim vs the world", tendo como protagonistas Michael Cera (Scott) e Mary Elizabeth Winstead (Ramona Flowers).
O objetivo de Scott Pilgrim , é derrotar os sete ex-namorados de Ramona, que são malvados e tem poderes, no mínimo, peculiares. Você achará que está jogando um vídeo game se tiver algum controle na mão, pois durante o filme as personagens vão ganhando vidas, pontos e moedas de acordo com suas ações.
 Vale a pena assistir, principalmente você que gosta de efeitos vídeo-gamisticos.

PS: Aqui vai o som do Ramones, que poderia ter sido o tema do filme, sem hesitar e nem mudar nem uma só frase da música!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Teoria do caonspiração?

Teoria: É o que menos falta tratando-se de óvnis, seres extra-terrenos ou qualquer atividade que esteja relacionada com outras galáxias, e lugares desconhecidos no universo. A partir de uma noite de sono mal dormida, Jackie e Nicolau (amiga e seu namorado), formularam uma teoria extremamente palpável para quem quer acreditar: Segundo eles a vida dos humanos na terra teria se originado da vontade de seres maiores, de por meio de experiências científicas criarem criaturas a sua imagem e semelhança colocando em seres escolhidos por eles, os australopithecus, seu próprio DNA. Assim, a evolução não seria descartada por meio dessa especulação, pois testes com material genético nem sempre são executados com sucesso, e apartir disso, o que ocorreu foram mutações e evoluções até chegar no Homo sapiens sapiens.

Dentro disso tudo, andei pensando em variações e explicações para o que chamamos de Deus, e o porquê dele existir em nossa sociedade. Considerando por um momento que tudo isso tenha acontecido dessa maneira, seria plausível afirmar que pela necessidade do cérebro humano, esses seres maiores tenham colocado a ideia de um deus em nossa mente (que seriam eles mesmos, mas em formas diferentes adquiridas com os séculos). Não se mostrando, estariam apenas protegendo a si mesmos de possíveis questionamentos de sua espécie que não deu certo, ou que ainda não chegou no ponto em que queriam que chegassem. É a hipótese de que crer em um ser maior nas doutrinas da sociedade, tenha sido uma preocupação extraterrestre para se proteger de seus experimentos. É apenas a facilidade das respostas do questionamento estarem na fé que se construiu e se consolidou, através de fenômenos que não puderam ser explicados científicamente. Dessa maneira, fazer tudo isso em segredo, é uma tática de defesa para a criação não se voltar contra o criador.

Viriam eles nos visitar futuramente em discos voadores?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

So, so you think you can tell?

Era madrugada e estava numa rua famosa da cidade, havia dois amigos meus desmaiados e um outro cuidando deles. Eu me embebedei, terminei com um ou dois maços de cigarro e dei uns tragos em algo estranho que um grupo de amigos alheios me ofereceu. Olhava para rua ainda me sentindo lúcida, um pouco tonta talvez, mas ainda consciente de tudo que me afrontava intimamente. Eu bebia para ele ser o meu gosto, e me embriagava lembrando de seu rosto, seus braços, seus pelos. Um dia ouvi dos lábios de um cantor, que amar é abanar o rabo, lamber e dar a pata. E eu já estava com a fidelidade de um bicho amestrado. De um lado da rua observava a fila gigante que me encarava, a casa de shows estava lotada e eu já havia sonhado com aquele lugar. Tentei, em vão, atravessar os carros que estavam entre a rua. Debaixo dos meus pés trançados o chão ferveu com a borracha do pneu raspando contra o asfalto, o barulho estridente chamou a atenção de todos, e eu estava com a cara colada no vidro da janela. Era o passageiro que cheirava que estava lá dentro, com neve branca espalhada agora por seu jeans importado, narinas estragadas, pertencente a lugar nenhum e me lembrando um pouco de mim mesma, confundindo-se reflexo meu e imagem dele. Estavamos juntos, separados por nós mesmos, confortávelmente anestesiados.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Into the wild

Descendo a escada para o quintal fui ficando pequena. Menor e menor a cada degrau, chegando a pairar levemente contra o chão no último. A queda foi parecida como uma pluma que cai de uma ave que voa alto, leve, como leve pluma muito leve, pousei. Observei o jardim das plantas cortadas a minha frente, relva áspera, com sulcos brancos escorrendo de suas entranhas dilasceradas. Tudo parecia maior, a medida de que eu estava menor. O céu visto daquele ângulo reto, rendeu lembranças de um dia chuvoso no qual dancei nua naquele mesmo lugar, debaixo de um temporal de arrastar barracos.
 Cheguei mais perto de toda aquela bagunça, e o cigarro (que não segurava a mais de duas semanas), pareceu me da minha altura. Por curiosidade, adentrei na selva desconhecida de um lugar conhecido, como alguém esquecida. Fiquei emaranhada em algumas teias de aranha cheias de caco de vidro, meu sangue escorreu junto da seiva venenosa. Linhas tênues de formigas andarilhas me levaram ao coração da floresta, lá ele batia forte, vermelho, pulsante, vivo. Via suas veias e artérias, quase que transparentes de pureza, de líquido escarlate por dentro, e delirantemente nítidas a olho nú. Pude sentir a leve tontura de quando se sai do corpo, a sensação de sono provida do verde, a vitalidade de tocar o chão com os pés descalços. Lá, em estado de quase nirvana adormeci de olhos abertos, embalsamada em meus próprios pensamentos, como bolhas preenchidas com formol. Não empalhada por pouco, acordei sem ter que abrir os olhos. Sai do não denominado labirinto sabendo inexplicávelmente o caminho de volta, com risadas nos bolsos e arranhões pelo corpo. Já do lado de fora percebi que, o tempo que tinha passado, tinha sido de apenas um trago.

sábado, 8 de janeiro de 2011

I am the eggman

 Deitei no mar, afundei nas suas águas confortáveis e mornas, com gosto de lágrima. Os pensamentos flutuaram para cima dentro de bolhas, confortávelmente anestesiada, confortávelmente anestesiada. Dormi num sono profundo, sono de sonhos, sonhos de sono, descobrindo o sentido da vida a cada segundo e sem conseguir mover as mãos para a grande descoberta. Manter os olhos fechados era a meta, a faixa amarela de segurança. Nada aconteceria se ninguém percebesse a escapada noturna e os feixes de fumaça nadando no céu de quase-chuva. Me agarrei nos teus cabelos e agora não sei mais como me movimentar para fora desse emaranhado negro e comprido. Dele saem notas, doces e florais, leve toque amadeirado e cítrico. Uma mistura de cores e músicas. Pego me escutando aquela lista já velha e distante, com guitarras distorcidas e gritos entorpecentes. Espero não fazer sentido nenhum nem um , sou apenas o leão marinho na beira da praia.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Flashes

Flash - Você só pode estar ficando louca, ele gritava para ela.
Flash - Você vai nem que seja amarrada.
Flash - Eu não vou.
Flash - Remédios correm por minhas veias me deixando ainda mais trêmula.
Flash - Ela não devia ter parado de tomar aqueles antidepressivos.
Flash - Você está sendo egoísta.
Flash - Escutava meu nome no meio da briga.
Flash - Está louca.
Flash - Sinto o cansaço que envolve os olhos dela.
Flash - Devem ser as drogas. Talvez uma droga de vida, droga de trabalho, droga de cansaço.
Flash - É isso, cansaço, deve ser o cansaço.
Flash - Agora são ruídos, como o da chave girando no trinco da porta.
Flash - Tomara que ela não vá correndo para um lugar qualquer a essa hora da noite.
Flash - Lágrimas ao lado.
Flash - Ainda tento pensar que se chorar, vai ser à toa, pois vai tudo se encaixar.
Flash - Queria, e como queria, encaixar no escuro do coração dele.
Flash - Voz anasalada, por causa do nariz entupido, me corta o coração.
Flash - E pensar que algo me fez querer sair dessa cidade.
Flash -  Merda de vírus da gripe.
Flash - Se eu conseguir roubar um cigarro, vai ocorrer um suicídio dentro de mim.
Flash - Só quero ficar aqui sentada, no silêncio das 500 melhores músicas que estou baixando.
Flash - Que vontade de escutar Chuck Berry, o sobrenome do rock'n'roll.
Flash - Porque ela chora tanto?
Flash - Pelo mesmo motivo que eu, com alguns anos a menos de experiência.
Flash - Seria melhor se a luz do outro quarto estivesse apagada.
Flash - Pelo menos eu sempre soube que esse não era o esteriótipo de família feliz.
Flash - A gente é feliz. Quando dá.
Flash - Tudo bem... Boa noite pra você.
Flash - Porque aqui a noite vai ser longa.
Flash - Aonde foi mesmo que guardei aqueles remédios pra dormir?
Flash - Por incrível que pareça, aquelas poucas palavras que não sabem de nada estão me fazendo bem.
Flash - É uma pena não poder fotografar as estrelas.
Flash - Elas nem mesmo estão lá hoje, que cabeça a minha.
Flash - Ainda giro um pouco.
Flash - Que droga a minha filmadora ter quebrado, agora só me restou a câmera.
Flash - In the flesh.
Flesh - Into the flesh.