terça-feira, 25 de janeiro de 2011

So, so you think you can tell?

Era madrugada e estava numa rua famosa da cidade, havia dois amigos meus desmaiados e um outro cuidando deles. Eu me embebedei, terminei com um ou dois maços de cigarro e dei uns tragos em algo estranho que um grupo de amigos alheios me ofereceu. Olhava para rua ainda me sentindo lúcida, um pouco tonta talvez, mas ainda consciente de tudo que me afrontava intimamente. Eu bebia para ele ser o meu gosto, e me embriagava lembrando de seu rosto, seus braços, seus pelos. Um dia ouvi dos lábios de um cantor, que amar é abanar o rabo, lamber e dar a pata. E eu já estava com a fidelidade de um bicho amestrado. De um lado da rua observava a fila gigante que me encarava, a casa de shows estava lotada e eu já havia sonhado com aquele lugar. Tentei, em vão, atravessar os carros que estavam entre a rua. Debaixo dos meus pés trançados o chão ferveu com a borracha do pneu raspando contra o asfalto, o barulho estridente chamou a atenção de todos, e eu estava com a cara colada no vidro da janela. Era o passageiro que cheirava que estava lá dentro, com neve branca espalhada agora por seu jeans importado, narinas estragadas, pertencente a lugar nenhum e me lembrando um pouco de mim mesma, confundindo-se reflexo meu e imagem dele. Estavamos juntos, separados por nós mesmos, confortávelmente anestesiados.

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