quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sacada preferida

Ontem olhei pela sacada e achei que tinha visto as estrelas refletidas no piso. Levantei a cabeça, e olhando o toldo rasgado, desejei ver as ditas cujas, percebendo de súbito que o que via, era na verdade o reflexo das luzes da cidade na água da chuva fraca, empossada no desnivelamento do chão. Terminei o cigarro na pressa, com uma calma já familiar e entrei inteiramente na escuridão do quarto. Guardei o isqueiro em minha gaveta preferida, entre móveis claros e roupas largadas pelo assoalho. Me deitei na cama, desejando ardentemente um eclipse pessoal, total e finito. Dessa maneira realizei que, só percebi que estava no escuro quando vi as luzes das estrelas grudadas no teto brilharem fortemente, alimentadas ferozmente pelo que me consumia. O desejo de observar incessantemente, incansávelmente incurável. Grandes culpadas pelo meu viver destrambelhado.

Um comentário:

  1. "Realizei", adoro dizer (e quando dizem) isso. Falta agora fazer-se entender.

    Cajuzinha in the sky with diamonds...

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