quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Gas, chamber

 Entrei naquele vagão amontoado e logo pensei: "Big brother is watching you". Com todas aquelas pessoas correndo para não desistir, se deixando levar pela maré do sistema, tentando conseguir uma sensação de recompensa no final do dia.
 Do lugar em que estava era medonho olhar para o fundo do trem, bem onde as cabines acabavam. Gente aonde era pra estar vazio, cheiro de labuta, a pequena quantidade de vento que entrava era quente e todos os pés se encontravam, entre pisões. Apostei que o senso não incluira o metrô, quando fizera a contagem de quantas pessoas por metro quadrado haviam em São Paulo.
 Fui preenchida pela ideia de que aquele lugar afobado era um não-tão-engenhoso plano de genocídio, comandado por alguém maior, fosse extraterreno, intraterreno ou apenas terreno. Comentava silenciosamente comigo mesma, que toda essa situação deveria ser a mesma sensação que os judeus tinham ao entrar numa câmara de gás. Onde, após a sirene, não haveria mais volta até a abertura das portas, onde nesse caso sairiam todos a caminho de casa, para chegarem lá mortos. De cansaço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário