domingo, 12 de dezembro de 2010

R.R.

- Somos sujas, pervertidas e curiosas. Por isso conte-nos tudo o que acontecer. - Foi o que elas me disseram, enquanto estávamos bêbadas no corredor de casa, com o som no último volume, dançando, e se misturando à chuva que molhava nossos cigarros.
Esse dia já havia nos feito passar por estômagos pequenos, exasperações, e ceticismos crônicos. Estávamos realmente desconexadas em relação a nossos próprios pensamentos. À parte disso, ele estava chegando. Só acreditei realmente que viria, quando lhe falei no celular em que ponto de ônibus deveria descer, e eu o pegaria lá. Foi uma chegada fria, a chuva havia parado e ainda estava claro. Nos beijamos no rosto, e andávamos rapidamente para não sermos descobertos, àquela altura do campeonato por algum vizinho indiscreto. Dessa vez não seria a noite de um homem e uma mulher, e sim uma tarde. Meio desengonçada, contando apenas com o que tinha pra dar certo, com a margem pra erro beirando a lei de Murphy.
 Assim aconteceu tudo: Ao som de Led Zeppelin. Havia olhares estagnados que se cruzavam, pelos eriçados no calor de uma janela fechada e luzes apagadas. Os gemidos de Robert Plant se misturavam com os meus, com a naturalidade grega antiga nos envolvendo, dois corpos fundindo-se, onde confundiam-se os cabelos, meus lábios se moviam inconscientemente junto à música. Nada mais importava, éramos os únicos num mundo com portas fechadas e o barulho da cama rangendo. Cada gota de suor que nos escorria pelo corpo, era um breve anúncio ao prazer sublime procurado extremamente por todos, e apenas achado por quem tem o mapa certo.

Um comentário:

  1. Eu sei bem o nome desse mapa...

    "Amor maior nem mais estranho existe
    Que o meu que não sossega a coisa amada"

    Amo-te...

    R.

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